Nivea + Marco e Gael.

40 semanas e 6 dias, esta era a data limite pra eu poder ter meu parto domiciliar, e foi exatamente neste dia que ele chegou!
Completada as 40 semanas, a ansiedade já vinha tomando conta por estar cada dia mais perto da data limite. Já estava desde a 37 semana, fazendo no núcleo de terapias integrativas(do Hospital Sofia Feldman - BH, MG) sessões de acupuntura, mocha, auriculoterapia, aromoterapia, ventosa e massagem plantar, tudo pra favorecer a chegada do Gael, mas nada. Foi então que no dia 16/10, três dias da data limite, resolvi fazer, lá no núcleo mesmo, o descolamento de membrana. E não deu outra, no dia 19/10/2020, completada as 40s+ 6d, às 6:30h da manhã, começaram as primeiras contrações leves. Avisei a doula e a fotógrafa. Fiz contato também com uma das enfermeiras da equipe que estava me acompanhando, pra saber se iria a consulta de hoje, que já estava agendada. Acharam oportuno eu ir pra avaliação. Assim fizemos(eu e meu companheiro). No caminho fui monitorando as contrações e dando os retornos pra doula. Chegando lá, ao descer do carro, tive uma contração mais forte, porém não pegou ritmo. Na avaliação estava tudo caminhando muito bem e com 2 cm de dilatação. Fui orientada a aguardar e acompanhar. Poderia ser que progredisse ou não.

No retorno pra casa, dentro do carro, em plena uma avenida movimentada de BH, as contrações foram só intensificando. Não foi à toa que senti vontade de ir no banco de trás do carro. Porque neste momento não tive mais dúvidas, iniciava meu trabalho de parto. Daí em diante, já não conseguia falar com mais ninguém. Só queria chegar em casa logo. Pegamos um pouco de trânsito engarrafado, devido a obras na via, e pensei que talvez Gael nascesse no carro, mas não. Chegando em casa, meu companheiro acionou a equipe do hospital e em poucos minutos elas estavam lá e meu tão sonhado parto domiciliar acontecendo. Fui pro chuveiro, pra cama, pra banheira... Tudo seguindo como havia planejado... a equipe de EO me acompanhando, a fotógrafa fazendo os registros e foi quando perguntei, cadê a Simone(minha doula)?! Ela não sabia se conseguiria chegar, disse-me meu companheiro... estava vindo de Ouro Branco. Mas tudo bem, no planejamento sabíamos deste risco e o meu parto estava caminhando tudo muito bem. Na banheira, as contrações foram ficando cada vez mais fortes, e os intervalos cada vez menores, até que chegou a hora da covardia. Achei que não conseguiria pois a dor na lombar não dava uma folga pra respirar(vale ressaltar que eu já tinha esta dor antes de engravidar) E nesta hora da covardia, mais do que nunca, todos, marido, equipe EOs e fotógrafa, foram fundamentais pra me auxiliarem a enfrentar e passar por ela.

Entre uma massagem e outra, o pegar na mão firme, as músicas, lembro principalmente das frases de apoio e encorajamento: você está indo muito bem! Você consegue! Você é forte! E está muito perto de conhecer o Gael. Conecte-se a ele, sinta onde ele está. E foi que veio a vontade de fazer força, fiz e senti algo sair, mas ainda não era o Gael. Mais uma força e mais uma vez saiu algo, porém nada do Gael. Foi então que resolvemos ir pro banquinho, pra posição, junto a gravidade, facilitar. E foi quando veio uma vontade gigante de fazer força, urrei e no final, um silêncio... senti o círculo de fogo mas logo pensei numa flor desabrochando, como treinei nas visualizações e auto hipnose.

E segundos depois ouvi meu companheiro dizendo: já vejo um tufo de cabelo da cabecinha dele, e foi na segunda força, às 15:09h, Gael chegou!
Ahhhhh que sensação de plenitude! E o mantra que eu ecoava a cada contração, “vai passar, vai passar, vai passar", passou e SUPEROU! Nossa, posso sentir neste momento em que escrevo, os cheiros e o quentinho do corpo dele no meu colo. Que sensação maravilhosa!!! Quão maravilhoso, forte, visceral foi... Desconhecia sentimento mais sublime... transformador(transforma - a dor) transforma a dor em alegria, felicidade, gratidão, plenitude...
EU PARI! E tive a confirmação de que, definitivamente, PARIR é um ato intenso, poderoso, sagrado! Que só nós mamíferas, fêmeas e mulheres sabemos este fazer!
Sim, nós podemos! E isto tem um significado muito mais profundo, é um ato de enfrentamento à todo este patriarcado que insiste em querer nos dizer e nos fazer acreditar no contrário. Acreditemos: nós podemos! Seja parir ou qualquer outra coisas que desejamos!

Ps.: Quero reforçar aqui a importância de nos prepararmos física e emocionalmente, estudarmos e nos empoderarmos, pois é isto, aliado aos profissionais qualificados que defendem, verdadeiramente, a humanização do parto, que irão possibilitar uma experiência positiva de parto.
Fiz yoga, Pilates, fisioterapia pro assoalho pélvico, alimentação saudável, cursos de planejamento do parto, educação perinatal, auto hipnose... só pra dar alguns exemplos.

Ah! Minha doula chegou e eu estava fazendo a hora de ouro! E foi muito bom vê-la. E receber seus cuidados naquele momento. Deu tudo certo, conseguimos! Este era meu sentimento! Pois ela não estava presente apenas fisicamente.